segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Recomendações Musicais Direto do Youtube


Varèse dispensa comentários, um verdadeiro gênio na arte da percussão orquestral, o avô da música eletrônica. Hyperprisme é uma de suas mais brilhantes composições, certamente figurava entre as favoritas do Zappa.


Naked City é meu projeto favorito do John Zorn, obrigatório para qualquer um que ache que Fantômas ou Mr Bungle são super originais.

Foetus é o nome de um projeto criado por Jim Thirwell no início dos anos 80, e é uma das coisas mais consistentes e criativas que já vi com o rótulo "Industrial". Não é à toa que alguns o consideram o Frank Zappa da geração Pós-Punk.

Por hoje é isso pessoal, em breve posto mais recomendações.

Akira, O Magnum Opus de Katsuhiro Otomo


Pois é, eu sou daqueles caras que demoram pra assistir certos filmes aclamados (na maioria dos casos leia-se Indie ou Cult), mas isso se deve mais pelo fato de eu ainda não ter priorizado o Cinema nas minhas buscas pela internet, minha "onda do momento" é a Literatura, já a Música fica oscilando entre primeiro e segundo plano. O fato é que eu assisti a esta grandiosa animação na tarde de ontem e não fiquei nada menos do estupefato com a qualidade da coisa: Akira é com certeza uma das melhores animações de todos os tempos. A atmosfera Cyberpunk é um de seus pontos altos, o filme retrata uma Tóquio totalmente reformulada após uma explosão nuclear (Neo Tokyo), em plenos 2019, onde a beleza da alta tecnologia e modernismo arquitetônico contrastam com protestos violentos e o niilismo da juventude. Em meio à esses jovens nos deparamos com uma gangue de motoqueiros liderada por Kaneda, um rapaz que é apaixonado por velocidade e brigas - as duas praticamente na mesma proporção. Tudo começa quando um de seus amigos, Tetsuo, sofre um misterioso acidente que acaba por destruir a sua motorcicleta segundos antes que ela colidisse com um menino que passava por uma rodovia. Momentos após o acidente vários helicópteros e soldados começam a cercar o local, levando por fim o menino e Tetsuo. Aí em diante começa a batalha de Kaneda tanto para resgatar o seu amigo quanto para descobrir o que é que há por trás de um projeto governamental que utiliza a paranormalidade como uma arma (às vezes de destruição em massa). Uma história de grande consistência, pergonagens marcantes e um desfecho absolutamente fenomenal fazem de Akira uma obra tão grandiosa quanto Blade Runner no que se diz respeito à Ficção Científica/Distopia Futurista, até acho que estes dois filmes entram facilmente num Top 5 dos melhores do gênero. Enfim, se você gosta de Sci-Fi e não sabe o que assistir naquele fim de semana chuvoso, eis uma sugestão impoerdível.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Lado Marginal do Heavy Metal


Pois bem, eventuais leitores, hoje resolvi falar de um estilo musical que tenho acompanhado desde os meus dezesseis anos de idade, e até então não tenho conseguido deixar de ouvir: o Death Metal.

Definição da Wikipedia, para quem por acaso nunca ouviu falar nisso: "O death metal é uma das diversas ramificações do heavy metal. Surgiu simultaneamente em várias partes do mundo, como EUA, Brasil e Suécia, na década de 1980. O estilo tem raízes no Thrash metal, porém ele apresenta mais agressividade que seu antecessor, letras com temas niilistas, sobre violência, morte e sobre a fragilidade da vida humana."

E agora a minha história: Tudo começou quando eu me deparei com um colega no colégio que só vinha com camisetas de bandas como Cannibal Corpse nas aulas, o que a princípio foi algo que achei chocante (exemplos 1, 2 e 3), mas com o tempo fui me acostumando com essa temática. Aí pensei "Bem, agora que as imagens já ficaram mais aceitáveis podemos partir pra música não é?". Eu mal conhecia o Heavy Metal em si, como iria adentrar logo uma de suas mais escuras catacumbas? (Pra vocês terem uma idéia eu só fui conhecer bandas como Black Sabbath e similares um bom tempo depois de ter ouvido várias bandas mais extremas). Foi aí então que comecei a buscar informações sobre as origens do DM, e acabei dando de cara com o Thrash Metal. Deste momento em diante foi só alegria, ou melhor, só Slayer, Anthrax, Sepultura antigo, etc. Após essa fase eu me senti mais habituado com toda a distorção de guitarras e com as letras inspiradas em insanidade e/ou morte, aí foi questão de semanas para que eu começasse a minha incursão pelo Death Metal, iniciada (obviamente) pelo Cannibal Corpse, passando sem pestanejar por Morbid Angel, Suffocation, Possessed, e mais umas quantas. Hoje, praticamente 5 anos depois, me deparo com a pergunta: O que tem me mantido tão atraído a esse gênero tão cheio de mensagens negativas, solos atonais e vocais que lembram mais demônios do que pessoas? Por mais que eu tenha descoberto do Hip Hop à Música Eletroacústica durante esses anos, volta e meia eu tenho vontade de escutar aquele álbum do período áureo do DM, algo entre o final dos anos 80 e o meio dos 90.



Na realidade nem eu sem explicar o porquê. Acredito que não há nada como escutar um álbum de metal pesado assim, pra mim é como um bom livro, um trago entre amigos, diversão garantida. Como o título do post já diz, eu considero este gênero o lado marginal do Metal por ele ter uma temática tão ríspida e muitas vezes brutal ao mesmo tempo em que mantém uma excelente musicalidade. No final das contas eu prefiro me ater ao DM tradicional (Old-School) simplesmente porque não se faz mais Metal como antigamente: A produção ruim que ajudava na atmosfera aterradora (essencial) foi substituída por uma limpa, o peso que impulsionava toda a adrenalina foi substituído pela habilidade instrumental (menos distorção e mais 'fritação'), sem falar dos vocais que foram perdendo toda a intensidade ao passo que foram ficando cada vez mais ininteligíveis.

No mais é isso aí, para quem estiver interessado aí vai uma lista de bandas, levando em conta as já citadas acima:

Slaughter, Dismember, Entombed, Grave, Hate Eternal, Deicide, Carnage, Nihilist, Autopsy, Malevolent Creation, Vader, Monstrosity, Six Feet Under, Obituary, Vital Remains, Master, Cancer, Morpheus Descends, Immolation, Bolt Thrower, Pestilence, Sinister, Massacra, Incantation

Info:
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Clássicos Admiráveis: Crime e Castigo


Fiódor Dostoiévski é sem sombra de dúvida um dos maiores escritores que já passaram por este planeta, de maneira que nem precisa de apresentações. Abro este post com o intuito de discorrer sobre a obra que é uma de suas maiores e mais conhecidas, o romance Crime e Castigo, de 1866. Neste livro nos deparamos com o ex-estudante Rodion Romanovich Raskolnikov, que na tentativa de conseguir uma melhora financeira tanto para si quanto para sua família, acaba assassinando uma velha penhorista. Daí por diante ele começa uma vida em decadência, a começar pela sua condição precária de saúde, seu envolvimento com uma prostituta que teve a família dilacerada pela miséria e seu medo de ser descoberto pelas autoridades. São muitas as razões pelas quais este livro é um grande clássico da literatura, um dos destaques sendo o estilo de escrita do 'Dosto', que é uma mistura de análise psicológica com investigação policial, fazendo o leitor passar poucas e boas na pele de Raskolnikov. Mas não pense que ele era um mero garoto entediado que acaba encontrando diversão ao matar outras pessoas, o seu 'tutor' nisto foi Napoleão Bonaparte, que massacrando exércitos pessoas atingiu os seus objetivos, algo que é citado pelo próprio Raskolnikov em passagens diversas do livro. Com base na idéia de "matar uma pessoa insignificante para a melhoria da vida de outras" é que ele comete o crime que dá o pontapé inicial do romance, fazendo o leitor filosofar nesse ínterim. Façamos também merecem uma menção honrosa aos personagens, pois foram notavelmente bem construídos: Raskolnikov, um jovem livre-pensador cuja inteligência e perspicácia surpreendem o leitor linha após linha; seu amigo fiel, Razumikin, com o seu caráter nobre e seu jeito espontâneo por vezes cômico (que nos remete aos lendários Don Quixote e Sancho Pança); Lújin, o pretendente da irmã de Rodion, com sua petulância e senso de superioridade insuportáveis; Porfiri Petrovich, o investigador judicial, com seu jeito calmo e até jubiloso, sem falar dos seus métodos de interrogatório memoráveis...enfim, cada personagem tem a sua maneira de ocupar um espaço no coração (e mente) do leitor. Se pararmos por um momento para analisar quantos livros, filmes, seriados e até histórias em quadrinhos foram influenciados por Crime e Castigo, ao menos somente na a filosofia 'Napoleônica' do personagem principal, acabaríamos fazendo uma lista nada menos do que gigantesca. Bom, não é preciso dizer que se você ainda não leu este livro, deve ir correndo comprar o seu, como todo bom clássico ele tem a sua versão em Pocket Book.

Read or Die!

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

That's My Kind Of Punk!


É engraçado como vemos gente achando que pelo fato do Punk ser um gênero tecnicamente simplório você não tem como encontrar originalidade sonora, porque o som acaba sempre caindo na categoria "dos três acordes", ou que "Punk é mais atitude do que musicalidade", todo mundo já ouviu isso. Bom, este post é dedicado a um de meus guitarristas favoritos, Greg Ginn, da banda de Hardcore Norte-Americana Black Flag, que ele liderou desde a sua fundação em 1976 até a sua dispersão em 1986. Um grande fã de Jazz, Ginn deixou de trilhar um caminho previsível e foi sempre incorporando idéias novas ao som da banda, começando pela sua guitarra super suja e distorcida inspirada indubitavelmente no Heavy Metal do Black Sabbath, para a partir disso começar a criar uma voz única no seu instrumento. Além das suas alucinações recheadas de feedback ele também desenvolveu uma técnica improvisacional que assemelha-se a de guitarristas como James Blood Ulmer e Sonny Sharrock, sem falar da sua grande admiração pelo Grateful Dead. Nas composições, Ginn saiu com todos os méritos dos três acordes, mostrando que Punk Rock pode ser feito seriamente e (por que não?) com muita qualidade.



Henry Rollins, vocalista da Black Flag, comparou o modo dele tocar com o de saxofonistas como Eric Dolphy e Ornette Coleman, verdadeiros mestres na vanguarda da improvisação jazzística. Não é por menos, nos álbuns Family Man e The Process Of Weeding Out temos excelentes performances instrumentais da banda, onde podemos classificar a sonoridade como um meio termo entre Mahavishnu Orchestra e Ramones(!?). Atualmente, Greg continua firme e forte, tocando seis vezes por semana e trabalhando em diversos projetos com a mais variada gama de músicos. Vale lembrar que ele é dono do selo SST, que lançou inúmeras bandas hoje consideradas lendárias tanto no cenário Punk como no Rock Alternativo (Sonic Youth, Minutemen, Saccharine Trust, Husker Dü, entre outras).



O cara é um gênio da guitarra, sem mais.

Recomendações:

Black Flag - Damaged (1981)
Black Flag - Slip It In (1984)
Black Flag - Family Man (1984) - Ouça o 'lado B'
Black Flag - The Process Of Weeding Out (1985)
Gone - Gone II: But Never Too Gone! (1986)
Gone - Let's Get Real, Real Gone For A Change (1986)
Greg Ginn and the Taylor Texas Corrugators - Bent Edge (2007)
Greg Ginn and the Taylor Texas Corrugators - Goof Off Experts (2008)


Info:
Allaboutjazz
Allmusic
Interview

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Homem Animal de Grant Morrison


Homem-Animal é uma das histórias em quadrinhos mais impressionantes que eu já li, o que eleva Grant Morrison quase à altura de Alan Moore perante os meus parâmetros de qualidade de roteiro de HQ. É incrível como a sua capacidade criativa pôde fazer com que um super-herói esquecido (leia-se 'falido devido à falta de um roteirista que pudesse explorar o seu potencial') acabe por se tornar um dos maiores ícones contemporâneos da chamada 9ª arte. Morrison não expandiu somente as noções do personagem em relação aos seus poderes (de absorver as habilidades de qualquer animal que esteja próximo dele), mas também em relação à vida e ao mundo, mostrando um ser humano com sentimentos e determinações, não somente um cara vestido de roupa colante batendo em vilões. Buddy Baker é um herói aposentado que decide voltar ao combate ao crime quando percebe as atrocidades que estão sendo feitas aos animais em nome da ciência. Baker então passa a ser uma espécie de "guardião ambiental", libertando macacos confinados em celas e de laboratório e ajudando golfinhos a escapar do ataque de pescadores maquiavélicos, só para citar dois exemplos. Mas o fator que considero sensacional na HQ é que ela não para por aí: Com o passar das edições, Buddy vai começando a ser perseguido por donos das corporações que estão sendo prejudicadas pelas suas ações pró-natureza, ao mesmo tempo em que o personagem fica cada vez mais intrigado com a sua existência, começando por um encontro com os alienígenas que pilotavam a nave que colidiu com a terra e lhe deu seus poderes, além de uma viagem psicodélica proporcionada por sementes de Peyote, que o levou a ver, entre outras coisas o próprio leitor da revista(!). Some à esta trama viagens no tempo, física quântica e o grand finale em que Buddy encontra com o seu próprio roteirista, e você terá uma das experiências mais ousadas e divertidas já feitas dentro de uma HQ.

O Eremita recomenda.

Info:

Popbalões

Fanboy
Sequart
Wikipedia

I Surrender, Dear



Uma das faixas do célebre Solo Monk, de 1965, um deleite para os ouvidos.